Perante qualquer questão que surja, as mesmas figuras erguem-se para deixar clara a sua posição, para consolidar os seus postulados inquestionáveis sem sombra de dúvida. Porque essa, a dúvida, é o grande ausente do momento atual, ou o grande proscrito.
Ninguém pode exprimi-lo. Ninguém pode defendê-la. E, no entanto, quanto bem nos faria, ou à realidade social do país, recuperá-la. Com ela, e com um pouco de silêncio, estaríamos melhor do que estamos, isto é, em condições de inaugurar um espaço de reflexão e de debate construtivo (não sujeito a preconceitos ou a posições enraizadas) sobre os problemas ou desafios que se nos deparam, como, por exemplo, a energia nuclear, sobre a qual, desde a crise japonesa, se voltaram a ouvir, nos últimos dias, muitas vozes e opiniões cheias de oportunismo, de cálculos eleitorais ou de preconceitos ideológicos, e muito poucas com rigor técnico, honestidade intelectual e vontade de conciliação.
Claro que não há água perante a dúvida.
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